sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Kawasaki Versys 1000

Apresentada no Salão de Milão 2011, essa é uma nova aposta da Kawasaki no mercado das touring (maxitrail?) que tem tudo para emplacar. Muitos sonham com motos maxitrail, mas quem pilota motos 4 cilindros tem certa dificuldade em ficar satisfeito com os grandes bicilíndricos (BMW R1200GS, Yamaha Super Teneré, KTM 990), e para esses uma moto assim faz todo o sentido.

O motor mostra 1043cc, 118 cavalos a 9.000 RPM, torque máximo de 10.4 kgf.m a 7.700 RPM. Com tanque de 21 litros, suspensões de 15cm de curso, controle de tração KTRC, dois modos de potência, ABS de série e 239 Kg em ordem de marcha, o desempenho só pode ser espetacular. Como sempre nesses casos, pneus estradeiros, pois off-road não é o forte dessas máquinas, ou seja, nada diferente do que já se encontra na Kawasaki Versys, Suzuki V-Strom, Ducati Multistrada, Triumph Tiger 1050 e tantas outras.

Considerando as características, sem dúvida para chegar mais próxima da perfeição a Versys 1000 poderia trazer eixo cardã, o que seria totalmente compatível com o posicionamento da moto. Ainda mais considerando que a BMW R1200GS, Yamaha Super Teneré e as novíssimas Honda Crosstourer e Triumph Tiger 1200 Explorer são assim equipadas, ainda que todas essa sejam mais próximas do espírito maxitrail do que a Versys.

Pelo vídeo, dá para ver que a moto roda macio, e com conforto, potência e torque de sobra para estradas de serra e grandes viagens. A moto é nova, mas considerando a agilidade que a Kawasaki Brasil tem apresentado, quem sabe apareça por aqui lá pelo início de 2013, e se tiver preço competitivo sem dúvida será uma pedra no sapato da competente concorrência.

Aos mais ansiosos, já dá para ir sonhando!



sábado, 29 de outubro de 2011

Salão Duas Rodas: vídeo interessante

Em complemente ao tópico do Salão, sugiro aos interessados um vídeo muito bom publicado pela revista Motociclismo. Motos possantes, mulheres bonitas... enfim, bastante coisa para ver nesse vídeo muito bem produzido.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A MotoGP de luto

Apenas um ano depois do terrível acidente que matou Shoya Tomizawa na Moto2, mais uma vez o mundo da motovelocidade se ve chocado com outra fatalidade, dessa vez o jovem e arrojado Marco Simoncelli, em mais um acidente de características muito semelhantes: queda junto a moto, seguida de atropelamento pelos pilotos que vinham logo atrás.

Muito se poderia dizer sobre esses acidentes, mas confesso que isso me faria mal demais. Vou tão somente sugerir o site da SporTV que mostra observações bem fundamentadas de Fausto Macieira, o vídeo do acidente e fotos. Para quem tiver interesse em saber mais dessa tragédia do esporte sob uma ótica jornalística, sem o ridículo sensacionalismo que vi em outros locais.

É uma pena mais um jovem talento desta geração nos deixar tão rápido, num acidente comum, mas pontuado pelo enorme azar de cruzar a pinta no lugar errado e na hora errada.

E quanto ao capacete, me parece que caberá aos fabricantes repensar o método de prender a cinta no casco por apenas um ponto de cada lado, pois mesmo que não tenha havido falha no equipamento (ou que a falta de capacete não tenha sido determinante para a moto, devido aos outros ferimentos), o fato da ponta da cinta se desprender no ponto de junção com o casco mostra que será necessário repensar os projetos, e que talvez mais pontos de fixação tenham de ser definidos.

Se pensarmos que em grande parte dos acidentes é a lateral do capacete que sofre o impacto mais forte, não é difícil acreditar que o que ocorreu com Simoncelli possa acontecer com outras pessoas, nas pistas e mesmo nas ruas. Ficou escancarado um ponto de fragilidade no projeto, que deve merecer atenção adicional dos engenheiros das fábricas.

E a vida continua, mas um pouco mais triste, na ausência do sorriso aberto do "moita".

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Honda CB 1000R, uma street fighter poderosa e acessível




A novíssima CB 1000R foi apresentada pela Honda no Salão Duas Rodas em São Paulo. Para o público apaixonado por motos naked, essa street fighter é uma excepcional opção em termos de mercado brasileiro. Vem se juntar à outras competidoras peso pesado como a Kawasaki Z1000 e a radical Suzuki B-King. A pérola BMW K1300R é acima te tudo um sonho, mas posicionada numa faixa de preço muito alta, fora da realidade da maioria dos brasileiros. E os modelos Ducati e KTM mostram limitações pelo baixo número de concessionárias, mais centradas na região sudeste.

Considerando o sucesso da Hornet no mercado brasileiro, é viável imaginar que essa CB 1000R se torne líder de vendas no segmento de naked acima de 800 cilindradas. Só não estou tão certo de que a Hornet continue dominando no segmento inferior a 800cc como vem ocorrendo há muitos anos, visto a forte concorrência da Kawasaki, Yamaha e BMW e da própria CB 1000R, que deve canibilizar parte do mercado que lhe era cativo.

Méritos para liderar a CB 1000R tem de sobra: design ultra moderno, compacta (pouco maior que a Hornet, e com 217 Kg a seco), banco confortável (em se tratando de naked), motor 4 cilindros derivado da CBR 1000RR com 125 CV a 10000 RPM e 10,2 kgf.m de torque, o que deve tornar difícil precisar rodar abaixo da última marcha. Como opcional, o consagrado C-ABS da Honda.

Faria reparos a pequenos detalhes que considero abaixo do esperado em motos top atuais. O reservatório de líquido de freio não tem exatamente o formato que ideal, sendo o usado na Hornet muito mais interessante. O tanque pequeno, de apenas 17 litros certamente dará uma autonomia bem abaixo da ideal, problema esse que já é bem sério na Hornet (o modelo até 2010 tem na verdade menos de 17 litros).

E por fim, a limitação de cores entre preto e verde metálico (este de gosto altamente duvidoso) fica aquém das expectativas, visto que no exterior as opções são bem maiores (a Honda Itália, por exemplo, oferece a branca, a preta e a tricolor que é maravilhosa e pode ser vista na foto abaixo), mas no Brasil a montadora mostra um déficit cultural de oferecer sempre somente duas cores.

Esperemos essa importante moto chegar efetivamente às concessionárias, pois o público que hoje é fiel à Honda e que até agora tinha na Hornet o seu sonho de consumo, sem dúvida vai pensar seriamente nesse upgrade, pois a CB 1000R oferece muito mais por um preço pouco maior. Isso se se for confirmada a expectativa de preço em torno de R$ 40 mil, o que deve tornar essa moto um enorme sucesso no nosso mercado cada vez mais rico em opções (ainda que muito abaixo do que se vê exterior, mas com o tempo isso tende a ser corrigido).

É sem dúvida interessante ver a Honda tomando medidas efetivas para quebrar aquela imagem meio incômoda de ser centrada demais no segmento de motos pequenas (com seus 80% de mercado), mas de não ser tão competitiva no segmento de motos médias e grandes. Sua política agressiva, inclusive em preço se mostra muito acertada, e no longo prazo deve lhe trazer fortes dividendos.

A CB 1000R tricolor é lindíssima, mas infelizmente não aparece nos planos da Honda Brasil, o que é uma pena

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Machu Picchu, relato diário da viagem finalizado

Caros leitores, antes de tudo gostaria de apresentar minhas sinceras desculpas por não ter conseguido manter o blog atualizado durante a viagem, como havia planejado. Infelizmente as contingências foram muitas, e entre tantos quilômetros e dificuldades, se tornou inviável fazer a manutenção diária.

Por sugestão dos leitores, informo que os relatos diários da viagem foram completados, cabendo atentar que preferi colocá-los em ordem, no decorrer do mês de setembro/2011. Portanto, quem tiver interesse em ler deve consultar na barra lateral nesse mês, ou se preferir usando a tag Machu Picchu. Optei por publicar assim por questão de lógica, evitando uma enorme confusão em meio a outros posts.

Nas próximas semanas procurarei incluir posts adicionais com material da viagem ainda inédito, como fotos e vídeos que ainda não estão em minhas mãos. Assim que for possível juntar, selecionar e editar, tratarei de publicar esse material, que contém muita coisa interessante.

Finalizando, gostaria de reiterar meus agradecimentos pelos quase 6.000 acessos que o blog já teve até o momento, o que mostra que a despeito das dificuldades e limitações em mantê-lo atualizado, tem conseguido atingir seus objetivos, e tem sido de alguma utilidade para um pequeno número de pessoas conforme o feedback que tenho recebido, o que por causa enorme satisfação.

Moto2: Marquez numa recuperação inacreditável

O que se pode esperar de um piloto de 18 anos que lidera por apenas um ponto um campeonato altamente competitivo? Responsabilidade para vencer agora que é lider? Imaturidade para cometer graves erros que coloquem um título quase certo em risco? Com Marc Marquez, pode-se esperar um pouco de tudo isso, mas sempre com enorme talento e competência!

Marquez provoca um grave acidente nos treinos finais antes do GP da Austrália

Num dos últimos treinos livres antes da etapa do GP da Austrália, realizada na madrugada deste domingo (17), após a bandeirada final, o tailandês Rattapark Wilairot reduziu a velocidade para voltar aos boxes, mas Marquez que vinha atrás acelerou com tudo e abalroou o desavisado Wilairot. Resultado: o tailandês foi parar no hospital com ferimentos sérios, e Marquez foi penalizado em um minuto no grid de largada, uma total justiça diante da sua absoluta falta de responsabilidade.

Tendo acontecido isso, pensei: que pena! Marquez tinha tudo para levar o título, e então faz uma bobagem desse tamanho e entrega-o de mão beijada para o alemão Bradl! Parecia lógico pensar assim, na medida em que Bradl largaria na 8ª posição do grid, enquanto Marquez largaria apenas em 38º e último lugar.

Seguindo a lógica, na corrida Bradl largou bem e rapidamente chegou à liderança, se mantendo nela com tranquilidade até duas voltas antes do final. Porém, coisas acontecem...

Tudo poderia estar bem para Bradl, se na mesma corrida não víssemos o já esperado, mas ainda assim inacreditável show de Marquez numa excepcional corrida de recuperação. Largando em 38º, logo no fim da primeira volta ele já aparecia em 17º; mais algumas voltas e chegou a 12º, então 9º, mais um pouco 6º. E continuou escalando o pelotão rapidamente, até chegar à 3ª posição faltando poucas voltas para a bandeirada.

Nesse momento, enquanto Bradl era líder, mesmo Marquez chegando em 3º o alemão abriria 8 pontos de vantagem, o que ainda seria muito bom faltando disputar 50 pontos nas próximas duas corridas.

Mas então tivemos as duas voltas finais, com Marquez lutando duramente com o jovem italiano Cláudio Corti, que queria o seu primeiro pódio da carreira. Marquez chegou a ser ultrapassado algumas vezes, mas fez valer seu arrojo e determinção para confirmar a 3ª posição.

E enquanto isso Bradl era duramente fustigado e finalmente superado pelo arrojado e instável Alex De Angelis, de San Marino. Bradl bem que chegou a retomar a ponta da corrida, perdendo novamente, e em mais uma tentativa desesperada chegou a trombar com De Angelis, colocando ele mesmo o título em alto risco, pois se tivesse caído Marquez é que dispararia no campeonado. De Angelis se manteve firme e venceu a terceira corrida da sua longa carreira, enquanto o 2º lugar de Bradl em condições normais não seria desastroso para a briga do título. Mas essas não eram condições normais.

Com isso tudo, o que poderia ter se tornado uma enorme diferença a favor de Bradl, na verdade terminou em apenas 3 pontos de vantagem, o que é quase nada frente ao momento iluminado de Marquez. Depois dessa corrida, é quase impossível imaginar que Bradl consiga se manter no topo, pois mais uma vez Marquez mostra que está em um momento técnico e psicológico sem precedentes.

Aguardemos os rounds finais, na próxima semana na Malásia e na etapa final de Valência. Mas parece óbvio esperar mais dois shows de pilotagem desse espanhol arrasador, que certamente no próximo ano estará mostrando todo o seu talento no grid da categoria máxima MotoGP.

Marquez num pódio incrível, ao lado do vencedor De Angelis e de um cada vez mais impotente Bradl

Na MotoGP, Stonner campeão

Enquanto isso, a MotoGP viveu uma espécie de anticlimax, pois Lorenzo se acidentou num treino antes da corrida, e foi impedido de largar por razões médicas (graves ferimentos nos dedos da mão).

Com a ausência de seu único adversário, Stonner partiu livre para alcançar sua quinta vitória consecutiva no GP da Austrália, confirmar o esperado título de 2011 (o segundo da carreira).

A verdade é que desde o primeiro treino com a Honda no início da temporada, tudo indicava que Stonner era o homem a ser batido neste ano, o que se confirmou. Ainda assim cabe destacar a grande tenacidade de Lorenzo em lutar até onde foi possível, mesmo estando claramente inferiorizado no equipamento que a Yamaha lhe oferecia.

Casey Stonner, um campeão absolutamente convincente, e capaz de muito mais nos próximos anos

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Vida por Vida, uma campanha Riffel

Segurança no trânsito é uma questão complexa, envolvendo muitos fatores, vários deles fora do controle dos agentes de trânsito e dos usuários das ruas e estradas. No caso do motociclista, essa equação se torna ainda mais séria, na medida em que os riscos a que nos expomos sobre duas rodas são muito maiores do que quem se desloca em automóveis, por exemplo.

Considerando essas dificuldades e limitações, entendo que todo tipo de ação que objetive reduzir os acidentes de trânsito, e na medida do possível minimize as consequências daqueles que se mostrarem inevitáveis é válida e deve ser apoiada. O importante é ampliar a discussão, como forma de esclarecer e orientar cada vez um maior número de motociclistas.

Nesse sentido, gostaria de divulgar o material enviado a diversos blogs pela Riffel, relativo à campanha Vida por Vida. O material recebido é um tanto cru, na medida em que mostra um baralho relativo à experiência de 32 pessoas que passaram por situações trágicas, ao se envolverem em acidentes de transito, citando dados não só das suas vidas, mas principalmente das situações em que se envolveram e das sequelas resultantes. E junto ao baralho veio também um pen drive contendo um vídeo personalizado para o blog TerapiaMoto.

Pesquisando na internet, observei diversos comentários de pessoas com alguma resistência ao material, na medida em que mostra de maneira bastante direta o sofrimento das pessoas envolvidas. Entendo a posição, mas ao mesmo tempo não posso deixar de ressaltar que independente da forma escolhida, todo tipo de ação que vise conscientizar e minimizar o número de acidentes e as consequências daqueles impossíveis de evitar é válida e deve ser respeitada.

Obviamente que a Riffel, como qualquer outra empresa, tem seus interesses comerciais, mas independente disso o que deve ser considerada é a finalidade da campanha, e essa é de inegável validade. Assim como tantas outras, entre as quais uma que considero de alta relevância é a campanha Sim à Motocicleta, promovida pela Revista Motociclismo, que busca ser uma defesa dos nossos direitos junto à sociedade.

Aos interessados, sugiro visitar o site da campanha que contém vídeos e outros materiais, pois usar equipamentos de segurança é uma ideia que é sempre boa e deve ser adotada. Eu mesmo, na recente viagem a Machu Picchu tive a oportunidade de testar a eficácia dos equipamentos de segurança, e posso afirmar que continuarei a usá-los cada vez com mais critério, e sempre que possível os de melhor qualidade.

Infelizmente o fato de vivermos num país de grandes disparidades e distorções limita isso, muitas vezes pelo preço muito alto dos equipamentos, provocados entre outros fatores pelo excesso de impostos cobrado pelo nosso voraz governo. Sem dúvida é um tanto hipócrita de parte do governo gastar milhões em ações de educação para o trânsito, e enquanto isso o próprio governo inviabilizar o uso de equipamentos de segurança por um grande número de motociclistas, ao onerar demais em tributos equipamentos que deveriam ser acessíveis a todos. Afinal, calças a R$ 500, jaquetas a R$ 600, luvas a R$ 200 e assim por diante, com certeza não contribui para tornar esses equipamentos mais populares entre os motociclistas menos abastados.

O que se viu de melhor no Salão Duas Rodas

Nos dias 08 e 09 de outubro de 2011, visitei o Salão Duas Rodas, realizado no Anhembi, em São Paulo. Foi a primeira vez que participei de um evento desse porte, e sem dúvida foi muito interessante poder ver pessoalmente alguns dos modelos mais significativos do mercado mundial, ainda que muitos deles apenas para sonhar, por estarem totalmente fora da nossa realidade econômica. Na sequência apresento algumas observações relativas aos principais fabricantes, junto às fotos mais significativas do evento, todas de minha autoria.

E para mais informações e belíssimas fotos, não deixe de visitar o post do parceiro Pirex, no endereço Pirex no Salão Duas Rodas 2011.

Honda

A gigante japonesa tem se mostrado bastante agressiva nos últimos tempos, disposta a manter a gorda fatia de mercado que conquistou em muitas décadas de Brasil, e principalmente parece tentar corrigir aquela visão que foi sendo criada de que Honda é fabricante de motos pequenas. A empresa mostrou vários lançamentos de impacto, como a CBR 600F (versão carenada da Hornet), acrescida da linda CB 1000R e da pequena notável CBR 250R, ainda que esta última ao vivo passe uma inegável sensação de ser não mais que uma bela versão carenada da Twister.

Foi igualmente interessante conhecer o protótipo que deu origem à inovadora VFR 1200F DCT, modelo este também presente no salão em toda a sua imponência dotada de câmbio semi-automático e dupla embreagem. E também pude ver de perto o protótipo pilotado por Dovizioso na MotoGP.

Presente aimda a Transalp, em novas cores (a branca e preta é realmente bonita, a verde é discutível), a nova Hornet e uma bela série especial da CB 300R, entre uma série de outros modelos.

A Transalp na nova combinação de branco e preto, muito mais harmoniosa

A pequena CBR 250R é muito bonita, mas só mostra impacto na combinação de cores acima

Sensacional protótipo que resultou na inovadora VFR 1200F DCT

Yamaha

Sem dúvida sua grande novidade foi a XT 660Z Ténéré, uma moto realmente inspiradora, e muito mais bonita ao vivo do que por fotos. Leve e bem mais confortável que sua irmã XT 660R é o mínimo que se pode dizer sobre ela, e com desing e cor azul consistente com os modelos já comercializados da 250 e 1200. Pena se tratar de um motor monocilíndrico tão vibrante quando o da antiga XT660R, pois tirando esse detalhe a moto tem tudo para fazer enorme sucesso.

A empresa ainda mostrou modelos significativos como a gigante V-Max, a FZ8 (mas não a carenada Fazer8) e um grande scooter muito parecido com o Burgman 400 da Suzuki. E no stand da marca chamava muita atenção a MotoGP pilotada por Ben Spies.

A instigante XT 660Z Ténéré, que sem dúvida deve fazer enorme sucesso, como já ocorria com a XT 600R

A FZ8 mostra uma beleza mais clássica, mas por enquanto somente apresentada na versão sem carenagem

A musculosa V-Max finalmente deve chegar ao Brasil por meios oficiais, antes tarde do que nunca

A vida fácil da Suzuki com os modelos Burgman 400 e 650 parece estar com os dias contados

A competentíssima MotoGP M1 de Ben Spies, apresentada em companhia de rara beleza

Suzuki

Entre os maiores fabricantes, foi a grande decepção do salão, pois nada mostrou de realmente novoa, apenas revisões dos modelos amplamente conhecidos. Não há como qualificar de novidade as versões repaginadas da Bandit 1250 (naked e carenada), ainda que sem dúvida tenham ficado muito bonitas.

Afora isso, mais do mesmo para V-Strom, B-King, Hayabusa e tantos outros modelos. Não é a toa que a marca está encolhendo a olhos vistos no Brasil, pois o seu conservadorismo é de dar certa pena, e ainda mais num mercado cada vez mais competitivo. A associação da Suzuki com J.Toledo parece dar claros sinais de fadiga, cada vez mais saturada por visões do tipo "ABS é frescura dispensável para os brasileiros". Nem sempre o que é mais lucrativo para o representante da fábrica é o que deseja o cliente da marca, e os dados de vendas mostram isso de forma cristalina (mas apenas para quem quiser ver).

A compacta e poderosa Bandit 1250 ganhou um visual bem mais moderno e atraente

Em vez de novas motocicletas, a Suzuki preferiu realçar as belas mulheres em poses provocantes

Kawasaki

A principal novidade da marca verde sem dúvida foi a Ninja 1000, versão carenada da Z1000, moto arrojada nas formas e seguramente de ótimo desempenho, mas que infelizmente não foi possível tocar nem sentar sobre ela, pois estava isolada. Também intocável, a maravilhosa versão Fittipaldi da ZX10, pintada nas cores preta e dourada.

A nova cor laranja da Versys chamava muita atenção, assim como a versão Tourer, mas esta mostrava um péssimo ajuste das malas de fábrica, que ficam longe demais da moto, deixando-a quase tão larga quanto um automóvel, uma enorme bola fora do fabricante.

A novíssima Ninja 1000 tem tudo para obter boa participação no segmento sport touring

BMW

O principal destaque da marca alemã foi a naked R1200R, que sem dúvida transpira classe e sofisticação. Também impactante a touring K1600GTL, com seu motor seis cilindros em linha surpreendentemente compacto. E uma grande ausência foi a K1300R, uma naked de grande beleza, que imaginei teria o privilégio de ver ao vivo, mas que não estava presente.

Deixando um pouco de lado as motos, a BMW mostrava talvez as mais belas mulheres do salão, e como não poderia deixar de ser diferente, vestidas com discrição, o que contrastava com o caráter bastante apelativo mostrado pelos stands de outros fabricantes.

Classe, conforto e sofisticação na naker R1200R, com seu inconfundível bicilíndrico boxer

Harley Davidson

A empresa mostrava uma enormidade de modelos capaz de fazer a alegria dos fanáticos da marca, sempre dispostos a comprar muito mais estilo de vida do que motocicletas, a despeito de características técnicas nem sempre tão eficazes quanto seria desejável. Mas para os apaixonados pela marca, sem dúvida se viam modelos de beleza e estilo altamente desejáveis, e ainda mais que os preços da marca são bem mais convidativos agora que o Grupo Izzo não faz mais parte de operação.

Em se tratando de Harley Davidson, mulheres de atitude se mostram compatíveis com o estilo de vida proposto

Ducati

Um ícone da alta classe do design italiano, mostrando maravilhas como a Monster 1100, Diavel e Multistrada. Quem sabe com o tempo uma representação efetiva da Ducati no Brasil torne mais viável termos essas obras de arte sobre rodas nas nossas garagens, pois por enquanto precisamos conviver com a insegurança provocada por uma presença não totalmente convincente do representante local.

A convidativa Ducati Monster 1100, de design apaixonante

A monstruosa Diavel Carbon, pronta para o enfrentamento com a Yamaha V-Max e Harley V-Rod Muscle

KTM

Entre tantas maravilhas tecnológicas, como a Supermoto T, Duke, Adventure e versões de rallye usadas no Dakar, a grande estrela da marca laranja sem dúvida era a pequena Duke 200, ansiosamente aguardada pelo público brasileiro para um futuro próximo. Segundo um vendedor, deve chegar ao mercado em março de 2012, a um preço aproximado de R$ 13,5 mil. Se isso se confirmar essa pequena notável tem tudo para ser um sucesso arrasador, pois é uma moto pequena que apaixona à primeira vista por seus dotes estéticos e tecnológicos.

A se lamentar uma certa arrogância do representante local da marca, já que em nenhum modelo era permitido sentar, coincidência ou não, a mesma postura adotada no stand da Ducati. Situação complicada querer mostrar os modelos mas impedir o público de interagir com eles, o que mostra muito a aprender sobre como tratar os potenciais clientes.

A KTM Duke 200 é uma das mais belas motos de pequena cilindrada já desenvolvidas

A Supermoto T seduz por seus dotes de estradeira competente, com visual próximo às trail da marca

Bimota

Entre as motos qualificáveis como além do mundo real, foi possível ver de perto modelos como a DB7 e a espetacular Tesi, com seu esquema de suspensões não convencional. Verdadeiras obras-primas reservadas a poucos privilegiados, mas que sem dúvida valem cada um dos muitos Euros investidos.

A Bimota DB7 é um ícone da esportividade e design italianos, sem compromisso com custo razoáveis

MV Agusta

No stand da Dafra, as grandes estrelas sem dúvida eram os modelos da MV Agusta, finamente representados pela Brutale, F4 e F4 Senna. Verdadeiras maravilhas, que realmente chegam a ofuscar a concorrência, restando torcer que alguns modelos cheguem ao mercado brasileiro já nacionalizadas o mais rápido possível, pois são modelos para fazer sonhar os mais apaixonados por motos.

A MV Agusta Brutale é dotada de uma beleza avassaladora, beirando o inacreditável

A radical F4 é dotada de escapamento de quatro ponteiras saindo por baixo do banco

A grande ausência

Lamentável para mim foi a ausência da Triumph, que imaginava veria representada no Salão, dando-nos a oportunidade de ver as excelentes motos da marca. Sonhei em conhecer os modelos trail de 800cc da empresa, assim como outros modelos significativos desse fabricante que tenho em alta conta, mas que ao que parece ainda não encontrou meios de se estabelecer efetivamente na terra brasilis, na medida em que não se consegue identificar com clareza sua política de atuação. O jeito é esperar e torcer que isso mude, mas aparentemente nesse caso é necessário ter uma paciência perto de infinita.


Demais atrações

Saíndo do círculo dos grandes fabricantes, foi possível ver no salão alguns modelos raros como a artesanal italina Vyrus, que é arrasadora. No standeda Montesa, se podia conhecer alguns competentes modelos de competição em enduro e trial.

Também se encontravam alguns lindos exemplos de customização e adesivagem, inclusive em modelos como uma Yamaha Super Ténéré e BMW F800GS, além de uma simpática versão supermotard da Honda XRE300 apresentada pela Circuit.

E além das principais marcas, muitas outras se fizeram presentes como: Dafra, Kasinski, Shineray, Haobao e mais uma enormidade de marcas menos conhecidas, com suas variadas opções de modelos e qualidades de acabamento.

Essa versão supermotard da Honda XRE300 chamava muita atenção no stand da Circuit

A adesivagem dessa BMW F800GS mostrava um trabalho de enorme competência

Não poderiam faltar os modelos altamente customizados para abrilhantar o evento

domingo, 2 de outubro de 2011

Moto2 - Marquez: a estrela sobe!

Na etapa de Aragon da Moto2, pode-se ver uma das mais sensacionais corridas de motovelocidade dos últimos anos, e isso considerando todas as categorias. Mais de meia dúzia de pilotos lutando acirradamente até as últimas voltas da corrida pela vitória, e mais uma vez Marc Marquez arriscando tudo em busca de uma vitória que lhe foi providencial.

Como seu adversário Bradl caiu bastante no final, terminando apenas na 8ª posição, Bradl viu sua vantagem no campeonato cair de 23 para apenas 6 pontos, e com essa pequena desvantagem a posição de Marquez ficou ainda mais fortalecida na sua excepcional recuperação num campeonato tão competitivo.

E na madrugada de hoje ocorreu a etapa do Japão, e apesar da corrida mais morna, Marquez soube se manter no pelotão de frente, e apesar da vitória de Iannone (3ª na temporada), Marquez conseguiu a 2ª posição, e com a 4ª posição de Bradl, Marquez finalmente assumiu a liderança do campeonato. A diferença é de apenas um ponto, mas o momento técnico e psicológico de Marquez é arrasador: nas últimas 8 etapas foram 6 vitórias e 2 segundos lugares. E no campeonato de 2011, em 14 etapas Marquez só marcou pontos em 10 delas, mas foram 7 vitórias e 3 segundos lugares. Como impedir um piloto assim de chegar ao título? Bradl definitivamente não parece saber como responder a essa questão, e suas meras 4 vitórias na temporada já se mostram insuficientes.

Salve Marc Marquez, virtual campeão da Moto2 em 2011. E certamente em 2012 o veremos mostrando seu enorme talento na categoria principal, a MotoGP, e não há razão para crer que lá também não se dará muito bem, depois de um inevitável processo de aprendizado, mas que com sua enorme capacidade de adaptação pode ser novamente muito rápido.

Iannone vence no Japão, mas o momento é todo de Marquez, novo líder da Moto2 e provável campeão

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Machu Picchu - Dia 19 - Em casa, sãos e salvos, só com leves escoriações

Chegamos em Porto Alegre na noite de quinta-feira, dia 29/09/2011, com um dia de atraso em relação ao planejado. Levando em conta todas as dificuldades encontradas, até que foi um atraso razoável.

A partir de hoje começarei a postar os dias faltantes, e na medida do possível as fotos, e assim que conseguirmos organizar todos o material produzido (fotos e vídeos), iremos recuperando e relatando a viagem.

Agradeço a paciência dos que ficaram conosco assim mesmo, e estejam certos que faremos o possível para recompensá-los. E quanto a viagens futuras, terei que repensar a forma de publicação, pois durante a viagem fica realmente difícil, e ainda mais numa viagem que por uma certa megalomania de planejamento se converteu acima de tudo num rallye, outra coisa a ser repensada.

Quanto ao dia, saímos de Cascavel/PR às 06h30, dispostos a estar em casa antes do cair da noite. Infelizmente a estrada pela qual saímos da cidade tinha uma das mais impressionantes coleções de buracos que sequer se poderia imaginar, verdadeiras crateras que me faziam ter vontade de parar a moto e fotografar aquelas verdadeiras obras de arte do descaso dos administradores públicos. Chegando ao cúmulo de vermos quebra-molas marcados por enormes buracos.

Felizmente após Barracão/PR as estradas melhoraram sensivelmente, assim como a paisagem foi ficando mais bonita. Incrível ver o contraste das estradas cheias de curvas dos campos montanhosos do sul do Brasil (PR, SC, RS) com o que vimos junto às estradas de Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (retas intermináveis, terreno plano, quase nada para se ver). Ao sair de Barracão, mais uma vez a BMW G650 do Renan teve a corrente caída, e após nova colocação a regulagem chegou ao fim, nada restando a fazer senão substituir a relação mais rápido possível. Felizmente, a moto assim mesmo conseguiria chegar em casa.

Com duas motos tendo GPS, tivemos várias divergências por usarmos mapas diferentes, sendo que um dos mapas funcionava com precisão e o outro se perdia o tempo todo, o que resultou em alguns atrasos desnecessários até Frederico Westphalen/RS, e também depois dessa cidade.

Acabamos nos reagrupando junto à praça de pedágio depois de Lajeado/RS, onde nos despedimos e seguimos para Porto Alegre, Butiá (Renan) e Minas do Leão (Balão), sendo que o Javier já seguira para Caxias do Sul a partir de Estrela.

Por volta das 20h00 chegamos a Porto Alegre, cansados mas felizes por completarmos essa longa jornada com sucesso, apesar de todas as dificuldades, atrasos e desencontros.

No dia rodamos um total de 811 Km, e pelas notas do diário de viagem cobrimos um total de 9.392 Km nesses dezenove dias (sempre pelo GPS, pois o hodômetro das motos marca sempre a mais).

As estradas paranaenses são péssimas, mas com belas paisagens (foto: Volmir Ferreira)

Próximo a Soledade, as belezas do nosso Rio Grande do Sul (foto: Volmir Ferreira)

Mais uma imagem da chegada a Soledade, no norte de RS (foto: Volmir Ferreira)

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Machu Picchu - Dia 18 - No Paraná estradas péssimas, mas menos tédio e calor

Nesse penúltimo dia da viagem, excepcionalmente pudemos dormir até mais tarde, esperando a definição da BMW sobre a G650 do Javier. E se o funcionamento da moto não se mostrou exemplar, pelo menos o serviço de socorro e conserto foi bem eficiente, visto que às 09h00 da manhã a moto estava em frente ao hotel, pronta para seguir viagem sem novas ocorrências.

Já o motivo da parada da moto beirou o inusitado: a bateria estava seca, por absoluta falta de água na mesma. Em princípio entendi que a bateria seria daquelas antigas, não seladas, mas mais tarde, conversando com o Beto (que é mecânico), ele disse que a bateria é selada, e que o que teria sido feito foi uma gambiarra para colocar água numa bateria que deveria ser substituída. Em qualquer caso, situação desagradável para a essa BMW que mostra claras limitações.

Por volta das 09h30 deixamos o hotel, e encaramos uma demorada saída pela parte central de Campo Grande, num dia em que terminaríamos por rodar 637 Km (pelo GPS) até chegarmos a Cascavel/PR. De positivo, nesse dia sofremos menos com o calor, pois quanto mais nos aproximávamos do Paraná mais a temperatura se tornava agradável. Perto de Dourados, mas uma vez nos deliciamos tomando água de côco bem gelada, acompanhada de ótimas goiabas que um vendedor fornecia à beira da estrada.

Só nos aproximamos de Cascavel ao final da tarde, e justo no trecho final e já ao cair da noite, demos de cara com o inferno de muitas estradas do Paraná. Fizemos um inacreditável trecho de 65 Km povoado por enormes crateras e infinitos caminhões, que se mostrou um enorme aperto para quem já estava cansado depois de ter rodado bastante durante o dia. Felizmente, ao chegarmos mais perto de Cascavel pegamos uma via expressa em excelentes condições, o que tornou os últimos 30 Km um passeio agradável em alta velocidade e boas condições de segurança.

Na entrada da cidade em que faríamos o último pernoite, paramos num posto para abastecer, e o Luís foi à caça do último hotel da viagem, e enquanto isso me diverti jogando sinuca com dois irmãos paranaenses que terminavam o dia de trabalho no bar. Foi uma ótima saída para o stress das estradas esburacadas e movimentadas que pegamos.

Depois de muito trabalho devido às escassas opções, acabamos descobrindo um jantar de qualidade numa casa de shows da cidade, e a comida foi excelente, mas rapidamente abandonada para cairmos na cama cedo, já que na manhã seguinte sairíamos às 06h30, para finalmente chegar em casa.

Felimente nesse dia encerramos a parte insuportável da viagem pela parte brasileira, composta de estradas retas, laterais desmatadas e muito calor dia após dia, sem nada de bonito ou interessante para ver. Já na chegada ao Paraná as paisagens melhoram, o terreno se torna menos plano, e apesar de algumas estradas muito ruins, pelo menos a viagem se torna mais desafiante e menos tediosa.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Machu Picchu - Dia 17 - Escolha: buracos e caminhões ou belas paisagens

Como tínhamos a dica de sair de Cuiabá pela estrada da Chapada dos Guimarães, esperava que isso ocorresse. Mas infelizmente o grupo optou pela estrada normal para Rondonópolis, o que na prática significava obras, buracos e uma infindável quantidade de caminhões. Decisão totalmente estranha, na medida em que perdemos a única oportunidade de ver um local bonito na enorme passagem por território brasileiro.

Aqui pensei seriamente em me separar do grupo e tomar a estrada alternativa, pois uma péssima decisão é tão somente isso mesmo, e não via o menor sentido na opção adotada, mas como minha moto estava em precárias condições, com a relação em fim de vida, acabei abrindo mão e me enquadrando por uma questão de segurança. Mas... vai entender como funciona a cabeça de algumas pessoas.

Logo no estacionamento do hotel a BMW G650 do Javier não pegava de jeito nenhum, exigindo uma ponte de bateria para dar partida. Na saída fomos acompanhados pelo Célio, que nos levaria à saída da cidade, mas ao pararmos no posto, novamente a BMW do Javier não ligava, exigindo nova ponte de bateria.

Saímos de Cuiabá pela estrada rumo a Rondonópilis, que se mostrou um verdadeiro inferno. Uma enormidade de obras, caminhões em velocidades variadas, e um grupo de 5 ou 6 motos tentando fazer ultrapassagens em bloco, o que se mostrava uma opção temerária. Eu e Luís largamos na frente, pois em situações de trânsito pesado qualquer um deveria saber que é melhor ultrapassar separadamente, cada um tomando os cuidados necessários para se livrar dos caminhões, em vez de permanecer agrupados e se expôr a riscos crescentes a cada ultrapassagem.

Rodados 170 Km desde Cuiabá, o Luís parou num posto pois estava sofrendo com o calor. Sinalizei ao grupo para que parassem no mesmo posto, mas optaram por seguir mais 30 Km, pois havia sido combinado parar a 200 Km de Cuiabá. Esse é o tipo de situação em que um planejamento deveria ser tratado como uma base para ação, nunca como uma norma divina, na medida em que parte do grupo seguir fez com que nos perdêssemos. Resultado: levamos cerca de 180 Km e algumas horas para nos reagrupar, com os devidos atrasos provocados por mais uma decisão equivocada.

Nesse meio tempo, a BMW do Renan sofreu queda da corrente, e na recolocação da mesma o Ruy acabou encostando no escapamento da moto e sofreu uma significativa queimadura no braço. E enquanto isso a BMW do Javier teve novas dificuldades para ligar, e parecia piorar continuamente.

Quanto estávamos a 50 Km de Campo Grande, eu e Roberto notamos que parte do grupo ficou para trás, e acabamos optando primeiro por parar e esperar e depois por voltar. Exceção foram Luís e Alexandre, que estavam mais à frente e seguiram diretamente até Campo Grande.

Ao retornar, encontramos o grupo parado na beira da estrada, com a moto do Javier absolutamente morta, nem ponte de bateria adiantando mais. Acionando o serviço da BMW, prometeram um guincho para uma hora depois, e eu e Roberto seguimos para Campo Grande em busca de hotel. Ao chegarmos, Luís e Alexandre já tinham escolhido o Novohotel, com a ajuda de um motociclista da cidade, que os auxiliou a bordo da sua enorme Harley.

Depois de um bom tempo o restante do grupo chegou, sendo que a BMW prometia verificar a moto logo no início da manhã seguinte. Jantamos numa cervejaria próxima do hotel e fomos descansar, nessa que acabaria sendo uma das poucas noites de sono farto da viagem, já que poderíamos dormir até as 08h00 da manhã, na expectativa do que a BMW faria sobre a moto do Javier.

A belíssima Chapada dos Guimarães, que infelizmente perdemos a oportunidade de conhecer (foto: internet) 

Em Mato Grosso, uma infinidade de caminhões povoam as estradas (foto: Volmir Ferreira)

Em Mato Grosso do Sul, algumas raras belas imagens à beira da estrada (foto: Volmir Ferreira)

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Machu Picchu - Dia 16 - Para mais um dia infernal, água de côco

No café da manhã em Comodoro, eu e Alexandre fomos fortemente incentivados por diversas pessoas que estavam no hotel a sairmos de Cuiabá pela estrada que passa pela Chapada dos Guimarães, local reconhecido como um dos mais lindos do Brasil. E ainda teríamos o bônus de evitarmos um longo trecho em obras tomado de caminhões, entre Cuiabá e Rondonópolis.

Deixamos Comodoro bem cedo, para encarar mais um dia de calor infernal na estrada. Depois de algumas horas se tornava quase impossível pilotar, e nesse dia paramos numa barraquinha à beira da estrada, onde conseguimos tomar água de côco bem gelada, o que se mostrou uma excepcional saída para tamanho sofrimento.

Nesse local conhecemos a filha da dona da barraquinha, a loirinha que pode ser vista na foto abaixo, e que enquanto fotografava as motos logo sentenciou: "gostei mais dessa!", apontando para a TDM900 do Roberto. Como prometido, publico a foto dela, que ficou feliz da vida em ver um grupo tão grande de motos frente ao negócio da mãe.

As paisagens de Mato Grosso são desoladas, constituídas de retas enormes acompanhadas de áreas desmatadas de ambos os lados, sendo a terra ocupada por atividades de agricultura e pecuária.

Na chegada a Cuiabá/MT, fomos recebidos pelo companheiro motociclista Célio Furio, que nos auxiliou a encontrar hotel a bordo da sua conservadíssima Honda Varadero. Ao lado do hotel, busquei uma concessionária Honda na tentativa de adquirir nova relação para Hornet, que estava nas últimas, mas sem sucesso: ligaram para diversas concessionárias e oficinas da cidade, e nenhuma delas tinha a relação da moto para pronta-entrega. Imagine o que seria se se tratasse de uma moto rara.

À noite, jantamos na companhia do Célio Furio e do seu amigo Jorge Abech, que nos acompanharam em várias cervejas, e logo em seguida nos recolhemos ao hotel.

Enquanto tomávamos água de côco, a loirinha se apaixonava pela TDM900 do Roberto (foto: Volmir Ferreira)

domingo, 25 de setembro de 2011

Machu Picchu - Dia 15 - Calor, muito calor

Como estou escrevendo posteriormente, agora posso dizer que aqui começou o inferno astral da parte final da viagem. Nesse dia nossa intenção seria dormir em Vilhena, na fronteira de Rondônia com Mato Grosso. Entretanto, considerando os atrasos, optamos por rodar um pouco mais, pernoitando em Comodoro/MT (rodando um total de 814 Km pelo GPS).

Esse dia foi incrivelmente difícil, considerando o infernal calor que encontramos em Rondônia e norte do Mato Grosso, e rodar tamanha quilometragem se traduziu num enorme desafio. Com as retas, que pareciam intermináveis, o sono era insuportável, exceto para quem não sofre com isso, caso quase exclusivo do privilegiado Balão, sendo que o Renan chegou a ter que parar na beira da estrada para tentar acordar, e eu também cheguei a dar leves cochiladas. A cada posto muita água na cabeça e nuca, e paradas cada vez mais frequentes para tentar superar o calor, sono e cansaço.

Chegamos em Comodoro à noite, sendo que encontramos um festival gospel na praça da cidade, que fez a trilha sonora do nosso jantar (para o bem e para o mal). Tudo o que fizemos foi jantar e ir dormir no hotel, local onde reencontramos o grupo de paulistas que já havíamos visto no hotel em Purto Maldonado e na fronteira da Bolívia com o Brasil. Comodoro é uma cidade bem pequena, mas onde encontramos um hotel decente, que nos propiciou um bom descanso, apesar dos eventuais pernilongos que insistiam em nos atrapalhar.

sábado, 24 de setembro de 2011

Machu Picchu - Dia 14 - Um interessante dia na viagem

O trecho de Rio Branco a Porto Velho (514 Km pelo GPS) foi bastante tranquilo, em muitos casos chegando a ser sonolento. Em determinada etapa da estrada, pegamos um trecho em obras de 10 Km, que felizmente não apresentou maiores dificuldades pelo tempo seco. Mas se estivesse chovendo nesse dia a coisa seria bem diferente, pois tratava-se de um treço de chão batido (nada de cascalho e pedras), e portanto a lama tornaria a experiência bastante penosa.

Na chegada ao Rio Madeira eu e Ruy fomos detidos em mais uma barreira do exército, que exigiu que mostrássemos grande parte da bagagem. Nada demais, e uma atuação necessária, já que segundo o vendedor de passagens para a balsa, cerca de um mês antes a mesma barreira havia apreendido um caminhão com módicos 30 Kg de cocaína na cabine, o que torna fácil entender as motivações da fiscalização.

A travessia da balsa foi tranquila, já que havíamos sido informados da possibilidade de enormes filas de caminhões. E nela ficamos sabendo que logo na sequência existia um excelente restaurante na beira da estrada.

A cerca de 8 Km da balsa encontramos o restaurante Tempero do Sul, mantido pelo simpático argentino Odair Zauza (o Cawboy), motociclista participante do motoclube Viramundo. Fomos muito bem recebidos, e tivemos o único verdadeiro almoço em todos os dias de viagem (exceto os raros dias em que não rodamos). Essa foi uma parada digna de nota, pois foi um dos últimos eventos interessantes da longa travessia em território brasileiro.

Na chegada a Porto Velho, a espera num posto enquanto Ruy e Luís encontravam um hotel foi animada pelas pessoas que se agrupavam junto às motos, inclusive por inusitados passos de forró ensaiados pelo Roberto com uma habitante local.

Após nos instalarmos no hotel, fomos para a casa da Isabel Castro e família, prima do Ruy que nos recebeu com excepcional atenção. Noite interessantíssima, regada a muita cerveja e peixes de diversas matizes, completada por uma sobremesa sensacional, e isso tudo numa casa linda, ampla e muito agradável. Nossos mais sinceros agradecimentos Isabel, pois sem dúvida essa foi uma das ocorrências da parte brasileira da viagem que de forma alguma esqueceremos.

Ao final da noite, descanso para encarar muita estrada, sono e calor no dia seguinte.

Travessia na balsa do Rio Madeira, na fronteira de Brasil e Bolívia (foto: Volmir Ferreira)

Um almoço excepcional, pouco além do Rio Madeira, em Rondônia (foto: Volmir Ferreira)

Javier mostra a jaqueta do amigo Odair Zauza, dono do restaurante Tempero do Sul (foto: Volmir Ferreira)

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Machu Picchu - Dia 13 - Estamos de volta ao Brasil

Hoje saímos de manhã de Puerto Maldonado, ainda no Peru, já que ontem não foi possível chegar a Rio Branco (no Acre) conforme programado, devido a um furo no pneu da BMW do Renan. Além da moto do Balão estar com o "guidão preso", o que hoje o Ruy identificou como tendo soltado dois parafusos que fixavam o painel da V-Strom, e um deles caiu e ficou preso junto à mesa chegando a riscá-la.

Felizmente, com o furo no pneu do Renan fomos obrigados a ficar em Puerto Maldonado, o que fez com que o Balão não rodasse mais, pois a história desses parafusos soltos poderia ter consequências perigosas. Com a recolocação e reaperto dos mesmos, tudo ficou bem com a V-Strom.

Puerto Maldonado é uma cidade muito quente, e saímos de lá sofrendo com isso. Só conseguimos cobrir os mais de 200 Km até Iñapari em quase de três horas de muito suor e uma quantidade inacreditável de quebra molas (em lugares onde havia só 2 ou 3 casas chegamos a ver 4 a 6 quebra molas, e nenhum pequeno). E ao chegar à aduana brasileira perto das 13h00, fomos surpreendidos com uma aviso na aduana brasileira: "fechado das 12h00 às 14h00 para almoço"!

Isso é incrível, pois se trata de uma zona de fronteira numa região marcada pelo tráfico de drogas e armas, e a aduana brasileira estava às moscas. Depois de alguma discussão, concluímos que não havia porque ficar esperando os funcionários voltarem do almoço, afinal estávamos voltando ao nosso país e não se esperava qualquer carimbo no nosso passaporte. Portanto se não havia interesse da Polícia Federal e da Receita Federal em fiscalizar nosso retorno, também não havia razão para perdemos uma hora do nosso tempo esperando pacientemente pelos funcionários.

Então seguimos direto para Rio Branco e tomamos chuva, muita chuva. Nesta região o esquema de chuvas é curioso, pois a chuva vem repentinamente, variando de uma garoa fina a uma chuva muito forte, venta muito, e depois de alguns minutos a chuva termina, e volta o calor de sempre. No fim, tomamos meia dúzia de chuvas, e chegamos no hotel um tanto molhados, pois lá pelas tantas você perde a paciência de colocar/tirar/recolocar a capa de chuva.

À noite jantamos um belo peixe (em várias formas) no restaurante Inácio's, regado a cerveja. E mais uma vez cama, pois amanhã seguimos para Porto Velho, em Rondônia. Considerando os eventos recentes, estamos exatamente um dia atrasados em relação à programação original, e com isso prevemos chegar a Porto Alegre não mais no dia 28, e sim no dia 29.

Esses são problemas de altas quilometragens em estradas que não conhecemos, e quando ocorrem problemas como pneus furados, retentores de bengala estourando, chuva em excesso, tudo vai se acumulando na forma de perda de tempo, e acabamos tendo que optar por reduzir a quilometragem diária em razão de manter a segurança. No total, hoje rodamos 560 Km (pelo GPS).

Machu Picchu - Dia 12 - A bela Rodovia Interoceânica

Hoje saímos cedo de Cusco, depois de chegarmos tarde na noite anterior do passeio a Machu Picchu. Cusco é uma cidade muito grande, e a saída foi um tanto complicada, com pista molhada e motoristas malucos que não dão muita bola para os outros motoristas, e usam a buzina o tempo todo. Não é um trânsito tão louco quanto o de La Paz, mas nem por isso é muito melhor.

Após rodar uns 50 Km, entramos na Rodovia Interoceânica e logo vimos porque tanto falam dessa estrada: ela é mesmo um desbunde! Já nos primeiros quilômetros, muitas subidas e curvas em cotovelo que só podem ser feitas a uns 30 Km/h, até porque na lateral da pista em vez de acostamento o que existe é uma valeta de cerca de meio metro de profundidade. Portanto, se você sair da estrada de moto, carro ou mesmo caminhão, não será surpresa se capotar.

E assim fomos subindo e subindo, até chegar ao ápice de cerca de 4.600 metros de altitude, ponto onde vimos montanhas nevadas, um frio próximo de zero grau, tomamos uns poucos flocos de neve e tiramos muitas fotos. No conjunto, esse trecho inicial da estrada é de uma beleza deslumbrante.

Em seguida, começamos a descer uma estrada semelhante à nossa Serra do Rio do Rastro, só que bem mais longa, com gelo na pista totalmente escorregadia, resultando em muito tempo perdido em nome de manter a segurança.

Mais uma vez tivemos que recorrer à gasolina oferecida em galões pelo morador de uma cidadezinha, pois nessa parte do Peru não existem tantos postos funcionando como seria necessário. Enquanto abastecíamos, um garotinho de uns 2 anos sentou em frente ao Luís no cordão da calçada nos olhando como se fôssemos extraterrestres. Com a permissão da mãe que observava do outro lado da rua, lhe demos algumas guloseimas como bolachas e chocolates, mas foi quando lhe apresentei algumas batatinhas Pringles que o garotinho ficou completamente maluco. Seus olhinhos brilhavam, e parecia que nunca na vida ele tinha comido algo tão maravilhoso, descobrindo desde cedo que pode não ser saudável, mas que é muito gostoso, isso é!

Depois de neve, frio e algum gelo derretido na pista, começamos a descer rapdiamente, em meio a uma vegetação com características da amazônia peruana, quando fomos obrigados a parar para tirar as roupas de frio, pois estávamos quase passando mal pelo calor que se mostrava insuportável. Nesse momento, vimos em quem algumas dezenas de quilômetros a altitude tinha caído de 4.600 para apenas 800 metros, o que explicava a forte diferença de temperatura.

Daí para frente seguimos com muito calor rumo a Puerto Maldonado, numa estrada em perfeitas condições, e coberta por um número enorme de pontes. Curiosamente, a Rodovia Interoceânica é totalmente nova no lado peruano, enquanto no lado do Brasil é emendada com estradas que já existiam, não necessáriamente em perfeitas condições.

Já anoitecendo chegamos a Puerto Maldonado, decididos a chegar ao território brasileiro. Só que o Renan avisou que estava com o pneu traseiro furado, e usou o reparador para tentar sanar o problema. Pneu tratado, fomos para a estrada rumo a Iñapari, mas após apenas 15 Km o pneu da BMW arriou de novo. Após verificá-lo ele encontrou um prego atravessando o pneu, retirou-o e aplicou novo reparador e seguimos mais alguns Km. Quanto estávamos a 30 Km de Puerto Maldonado, novamente o pneu esvaziou.

Acabou que encontramos uma borracharia bem perto (precaríssima, e onde o pessoal falava um dialeto que nem o Javier conseguia entender), que providenciou o conserto do pneu, cuja câmara apresentava um enorme rasgo. Enquanto isso, dois integrantes voltaram a Puerto Maldonado para encontrar hotel, e passamos a noite por lá mesmo em meio a um calor infernal. Tudo o que deu tempo foi de comer uma pizza e tomar algumas cervejas, antes de cair na cama para acordar cedo e seguir viagem.

Com tudo isso as falhas de um planejamento excessivamente otimista vão se acentuando, pois num dia em que deveríamos rodar mais de 1.000 Km, tudo o que conseguimos rodar foram 548 Km (pelo GPS), numa clara demonstração de que planilhas não são tão eficazes em "dobrar" a realidade.

No ponto mais alto da Rodovia Interoceânica, montanhas e neve (foto: Volmir Ferreira)

Quanto as crianças brincam no paraíso (foto: Volmir Ferreira)

Por vento ou vandalismo, nem a placa da rodovia ficou inteira (foto: Volmir Ferreira)

Machu Picchu - Dia 11 - A Cidade Perdida, um lugar inesquecível

Dia de acordar cedo, para estar a postos às 04h40 em frente ao hotel, onde a van nos esperaria para o primeiro trecho da viagem até Ollantaytambo, a cerca de 60 Km de distância, onde tomaríamos o trem para Águas Calientes. Esse trecho da viagem é feito por estradas em boas condições, e vários companheiros aproveitaram para dormir uma boa parte do caminho, apesar do motorista insistir em passar rápido demais sobre alguns quebra-molas.

Em Ollantaytambo tomamos o confortável trem que faz o trajeto até Águas Calientes em cerca de uma hora e meia, juntamente com os três motociclistas de Uruguaina/RS que encontramos no dia anterior. A viagem é tranquila e bonita, com grande parte do trecho tendo um rio acompanhando a ferrovia, e nas encostas das montanhas já se pode ver algumas ruínas que prenunciam o que veremos mais tarde.

Águas Calientes é basicamente uma base de operações para acessar Machu Picchu, tomada de vans que fazem o transporte contínuo dos turistas até o santuário. Existe um hotel na cidade, onde alguns preferem pernoitar, o que permite ver o nascer do sol em Machu Picchu, que dizem ser uma experiência bastante interessante. A cidade tem um forte comércio voltado aos turistas, ainda que a grande quantidade de lojas não se reflita em variedade de produtos, já que praticamente em todas as lojas se encontram os mesmos produtos, num contexto de mínima diferenciação. Os preços são altos para o padrão peruano (baratos para brasileiros), mas a qualquer pechincha os vendedores já saem fazendo abatimentos de 30% ou mais.

Depois de encontrarmos o guia na estação, tomamos a van que faria o curto trajeto ao alto da montanha, uma estradinha de terra não totalmente destituída de emoção. As vans andam rápido, e em alguns momentos param para dar passagem a quem vem no sentido contrário, pois em muitos trechos só passa um veículo por vez. Tudo parece funcionar bem nessa subida de pouco mais de 10 minutos, mas vimos algumas vans com parabrisas quebrados, o que mostra que às vezes algo dá errado. A estradinha é bonita, serpenteando a montanha, e na fase final já somos brindados com a primeira vista de Machu Picchu, da parte mais baixa das encostas, mostrando apenas uma pequena parte das construções.

No alto da montanha encontramos a jovem guia peruana, que pode ser vista nas fotos, que cobria o corpo todo e usava um enorme guarda sol, segundo ela para evitar os riscos da exposição continuada a excessos de protetor solar. Aliás, boné, protetor solar e repelente para mosquitos são itens indispensáveis para essa visita, e até mesmo uma capa de chuva, se bem que nós tivemos sorte de pegar um dia de tempo bom e sem sol em excesso. E o fato de visitarmos o local fora da alta temporada foi positivo, já que a guia confirmou que estavam no local apenas cerca de 40% do normal de visitantes em alta temporada, o que para nós se traduziu num dia tranquilo e sem atropelos.

O acesso ao parque é organizado, sendo necessário apresentar o ingresso juntamente com o passaporte para passar o ponto de controle. E acompanhados pela atenciosa guia peruana, começamos a visita que seria o ponto alto dessa viagem. Aliás a guia era tão prestativa que quase parecia não se incomodar com o excesso de pedidos para as mesmas fotos serem tiradas com 4 ou 5 câmeras diferentes, o que para mim se constitui numa situação repetitiva e desnecessária.

Machu Picchu é um local diferenciado, e que "toca" as pessoas de maneiras diferentes. Existem os místicos, que visitam o local repetidamente, em sucessivos atos de contemplação e meditação. Existem os mais ligados ao contexto histórico e cultural da cidade, para quem conhecer um pouco mais dessa cidade tão fascinante é uma experiência única e inesquecível. E existem ainda os típicos turistas, para quem o que importa são as muitas fotos simplesmente para mostrar, pouco ligando para os aspectos mais profundos do que essa cidade significa, inclusive se vendo cenas curiosas como uma mesma pessoa tirando a mesma foto trocando 4 ou 5 camisetas diferentes, numa situação bem engraçada.

Um exemplo emblemático desse último grupo foi uma frase que ouvi no local: "ah, fulano... mas se não fosse a guia para explicar, realmente isto aqui não passaria de um monte de pedras". Por aí se vê que o fascínio por Machu Picchu muitas vezes está menos na cidade, e mais no interior (ou, no caso, no vazio interior) das pessoas que visitam.

Independente das motivações de cada pessoa, o que sem dúvida se pode dizer é que Machu Picchu é uma cidade incrível, de profundo significado cultural e histórico, e um local que sem dúvida qualquer pessoa deveria visitar ao menos uma vez na vida. As construções são fabulosas, as hipóteses sobre o próposito da existência da cidade são instigantes, e o fato de se saber que seus construtores gastaram tanto tempo e esforço para construir tal obra e pouco desfrutaram dela é intrigante.

Para mim é especialmente interessante tentar imaginar a vida das pessoas que habitavam a cidade no seu tempo, constatar sua engenhosidade aplicada às construções, seu brilhantismo ao tratar questões cruciais como o aproveitamento da água. Tentar entender a lógica da cidade, enxergar a atividade no seu dia-a-dia, imaginar o modo de vida de quem tinha o privilégio de habitar o local. Se bem que obviamente o privilégio de desfrutar era reservado a poucos, pois o trabalho era árduo, e quando a cidade foi desocupada muito ainda faltava fazer. Tanto isso é verdade que os peruanos consideram a cidade eternamente "em construção".

Curioso também é o enorme desafio peruano de equilibrar a significativa fonte de recursos financeiros em que Machu Picchu foi se constituíndo nas últimas décadas, com a inevitável necessidade de preservar esse incrível patrimônio da humanidade. Pois o fato das pessoas poderem andar livremente na quase totalidade do território sem dúvida deixa marcas, inclusive garrafas de Gatorade abandonadas junto às ruínas pelos visitantes mais mal educados. O desgaste é inevitável, e a limitação do número de visitantes e o controle mais rígido dos pontos de visitação fatalmente terão que ser impostos com o passar do tempo, tanto que isso já é uma discussão bastante presente.

Não me estenderei sobre Machu Picchu, por não ter as necessárias credenciais de historiador ou geólogo, e portanto não sendo capacitado a análises mais profundas. Creio que uma boa pesquisa no Google possa trazer várias informações relevantes para quem quiser se aprofundar sobre o tema. Do ponto de vista pessoal, posso dizer que a cidade é apaixonante, principalmente para o visitante que tentar se colocar no lugar das pessoas que lá viveram, em vez de tão somente se preocupar em tirar o maior número de fotos para poder mostrar no retorno, sem saber muito bem porque esteve lá.

A se lamentar, algumas dificuldades de mais ampla mobilidade, o que nesse lugar faz muita diferença, pois conhecer em profundidade Machu Picchu cansa. A cidade é grande, as enormes escadas são desafiadoras e depois de algumas horas você se sente esgotado. Tanto isso é verdade, que no começo da tarde alguns companheiros se entregaram ao verde gramado, tirando uma soneca no alto da montanha, o que sem dúvida se mostrou uma boa ideia.

No decorrer da tarde descemos para Águas Calientes, onde alguns se dedicaram a compras nas lojas, enquanto outros foram tomar um banho nas piscinas da cidade, opção essa que declinei pois envolvia caminhar ainda mais, e minhas condições físicas ainda não eram as melhores devido ao tombo sofrido.

Ao cair da noite tomamos o trem de volta a Ollantaytambo, e de lá novamente a van que nos deixou na porta do hotel em Cusco. Todos cansados, muitos aproveitaram para dormir tanto no trem quanto na van, se bem que para alguns o desafio do trem foi bem maior, caso do Renan que levou o azar de ter um parceiro de banco americano vestido com muitas roupas, mas que parecia ter pouca afinidade com banhos, o que tornava a vizinhança algo próximo de irrespirável. Pequenas dificuldades dessas aventuras, mas a cara do Renan e das duas mulheres em frente a ele mostravam que a coisa estava preta.

Novamente em Cusco, o jeito foi conseguir um jantar rápido e cair na cama, pois logo na manhã seguinte o rallye recomeçaria, agora para a sua fase fisicamente mais desafiante, e como veremos desinteressante na parte posterior a Porto Velho.

Águas Calientes, a porta de entrada para o santuário de Machu Picchu (foto: Volmir Ferreira)

Renan e Luís no trem, em meio à ansiedade de chegar à Cidade Perdida (foto: Volmir Ferreira)

A viagem de trem é curta, mas passa por lugares deslumbrantes (foto: Volmir Ferreira)

Roberto e Renan, à espera do lanche oferecido pelo serviço do trem (foto: Volmir Ferreira)

Esse bonito rio acompanha grande parte do trajeto do trem (foto: Volmir Ferreira)

A primeira vista, dentre os muitos ângulos de Machu Picchu (foto: Volmir Ferreira)

O grupo na chegada a Machu Picchu (foto: guia peruana)

O caminho é íngreme, mas vale a pena a cada momento (foto: Volmir Ferreira)

A guia peruana se esforça entre explicações e muitas fotos (foto: Volmir Ferreira)

Que tal escalar a montanha ao fundo? Muitos se dispõe a encarar o desafio (foto: Volmir Ferreira)

A cidade atrái turistas do mundo todo, sendo o chamariz do Peru para o mundo (foto: Volmir Ferreira)

Os verdes gramados convidam a sentar e contemplar (foto: Volmir Ferreira)

Uma grande quantidade de guias acompanham os visitantes, em muitas línguas (foto: Volmir Ferreira)

Em alguns locais, a proximidade das encostas chega a assustar (foto: Volmir Ferreira)

Espíritos de porco são universais: veja a garrafa de Gatorade abandonada. Inacreditável! (foto: Volmir Ferreira)

Nessa área de criação dedidada aos animais, muito verde (foto: Volmir Ferreira)

As lhamas são uma atração à parte para os turistas (foto: Volmir Ferreira)

As áreas construídas e de obtenção de matéria-prima mesclam-se no alto da montanha (foto: Volmir Ferreira)

Tantas pedras têm que sair de algum lugar, e o alto da montanha é ótima fonte (foto: Volmir Ferreira)

A cada olhar, um ângulo diferente dessa bela cidade (foto: Volmir Ferreira)

Cortar e polir pedras enormes era uma obra de engenharia que se traduzia em arte (foto: Volmir Ferreira)

Todos acabem precisando descansar, pois o esforço é grande (foto: Volmir Ferreira)

Alguns locais atraem especial atenção dos visitantes (foto: Volmir Ferreira)

Em meio a enormes pedras, um visitante improvável (foto: Volmir Ferreira)

A vista bem do alto, perto da casa do vigilante (foto: Volmir Ferreira)

Acredite, Machu Picchu cansa demais, e nem precisa fazer a Trilha Inca (foto: Luís Lacerda)