sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Machu Picchu - Dia 12 - A bela Rodovia Interoceânica

Hoje saímos cedo de Cusco, depois de chegarmos tarde na noite anterior do passeio a Machu Picchu. Cusco é uma cidade muito grande, e a saída foi um tanto complicada, com pista molhada e motoristas malucos que não dão muita bola para os outros motoristas, e usam a buzina o tempo todo. Não é um trânsito tão louco quanto o de La Paz, mas nem por isso é muito melhor.

Após rodar uns 50 Km, entramos na Rodovia Interoceânica e logo vimos porque tanto falam dessa estrada: ela é mesmo um desbunde! Já nos primeiros quilômetros, muitas subidas e curvas em cotovelo que só podem ser feitas a uns 30 Km/h, até porque na lateral da pista em vez de acostamento o que existe é uma valeta de cerca de meio metro de profundidade. Portanto, se você sair da estrada de moto, carro ou mesmo caminhão, não será surpresa se capotar.

E assim fomos subindo e subindo, até chegar ao ápice de cerca de 4.600 metros de altitude, ponto onde vimos montanhas nevadas, um frio próximo de zero grau, tomamos uns poucos flocos de neve e tiramos muitas fotos. No conjunto, esse trecho inicial da estrada é de uma beleza deslumbrante.

Em seguida, começamos a descer uma estrada semelhante à nossa Serra do Rio do Rastro, só que bem mais longa, com gelo na pista totalmente escorregadia, resultando em muito tempo perdido em nome de manter a segurança.

Mais uma vez tivemos que recorrer à gasolina oferecida em galões pelo morador de uma cidadezinha, pois nessa parte do Peru não existem tantos postos funcionando como seria necessário. Enquanto abastecíamos, um garotinho de uns 2 anos sentou em frente ao Luís no cordão da calçada nos olhando como se fôssemos extraterrestres. Com a permissão da mãe que observava do outro lado da rua, lhe demos algumas guloseimas como bolachas e chocolates, mas foi quando lhe apresentei algumas batatinhas Pringles que o garotinho ficou completamente maluco. Seus olhinhos brilhavam, e parecia que nunca na vida ele tinha comido algo tão maravilhoso, descobrindo desde cedo que pode não ser saudável, mas que é muito gostoso, isso é!

Depois de neve, frio e algum gelo derretido na pista, começamos a descer rapdiamente, em meio a uma vegetação com características da amazônia peruana, quando fomos obrigados a parar para tirar as roupas de frio, pois estávamos quase passando mal pelo calor que se mostrava insuportável. Nesse momento, vimos em quem algumas dezenas de quilômetros a altitude tinha caído de 4.600 para apenas 800 metros, o que explicava a forte diferença de temperatura.

Daí para frente seguimos com muito calor rumo a Puerto Maldonado, numa estrada em perfeitas condições, e coberta por um número enorme de pontes. Curiosamente, a Rodovia Interoceânica é totalmente nova no lado peruano, enquanto no lado do Brasil é emendada com estradas que já existiam, não necessáriamente em perfeitas condições.

Já anoitecendo chegamos a Puerto Maldonado, decididos a chegar ao território brasileiro. Só que o Renan avisou que estava com o pneu traseiro furado, e usou o reparador para tentar sanar o problema. Pneu tratado, fomos para a estrada rumo a Iñapari, mas após apenas 15 Km o pneu da BMW arriou de novo. Após verificá-lo ele encontrou um prego atravessando o pneu, retirou-o e aplicou novo reparador e seguimos mais alguns Km. Quanto estávamos a 30 Km de Puerto Maldonado, novamente o pneu esvaziou.

Acabou que encontramos uma borracharia bem perto (precaríssima, e onde o pessoal falava um dialeto que nem o Javier conseguia entender), que providenciou o conserto do pneu, cuja câmara apresentava um enorme rasgo. Enquanto isso, dois integrantes voltaram a Puerto Maldonado para encontrar hotel, e passamos a noite por lá mesmo em meio a um calor infernal. Tudo o que deu tempo foi de comer uma pizza e tomar algumas cervejas, antes de cair na cama para acordar cedo e seguir viagem.

Com tudo isso as falhas de um planejamento excessivamente otimista vão se acentuando, pois num dia em que deveríamos rodar mais de 1.000 Km, tudo o que conseguimos rodar foram 548 Km (pelo GPS), numa clara demonstração de que planilhas não são tão eficazes em "dobrar" a realidade.

No ponto mais alto da Rodovia Interoceânica, montanhas e neve (foto: Volmir Ferreira)

Quanto as crianças brincam no paraíso (foto: Volmir Ferreira)

Por vento ou vandalismo, nem a placa da rodovia ficou inteira (foto: Volmir Ferreira)

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