segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Machu Picchu - Dia 6 - Rumo a La Paz, um lugar inacreditável

Passar a noite em Tambo Quemado foi um desafio, pois com seus 4.600 metros de altitude, ôh lugarzinho bem frio. Nosso alojamento era uma coisa beirando o precário, com camas "em concha". No meu caso isso foi um sério problema, pois com dores na perna esquerda em função do tombo, dormir numa cama que afunda acentuadamente na parte central é péssima ideia. A ponto de ter que acordar no meio da noite para tomar remédio para as dores, além de um AAS para combater a dor de cabeça provocada pela altitude.

Felizmente, Renan e Luís, que à noite sofreram com a altitude, pela manhã já estavam melhores e pudemos seguir viagem, saíndo bem mais tarde que o normal. Isso depois de retirarmos as motos "do estacionamento", pois como o alojamento prometeu mas não tinha estacionamento, acabamos pagando uma senhora que mantém um pequeno mercadinho/lanchonete num dos prédios para que pudéssemos deixar as motos dentro da lanchonete durante a noite, o que funcionou perfeitamente.

Quem mais se divertia com toda essa atvidade parecia ser a netinha dela, menina de uns seis anos que estava fascinada com aquele bando de motos e motoqueiros, e que virou grande amiga do Luís, a ponto de deixar que ele a fotografasse sobre uma das motos (bolivianos e peruanos não têm a menor simpatia por serem fotografados, razão pela qual quase sempre solicitávamos permissão prévia). É incrível o fascínio que as motos têm sobre as crianças em todos os lugares, e não só sobre elas.

Percorrer os cerca de 300 Km até La Paz com a Hornet toda torta, a velocidades em torno de 80 a 90 Km/h foi algo bem mais fácil que no dia anterior, pois agora as estradas eram boas e bastante retas, ou com descidas e subidas bem suaves. Desagradável era o forte ruído de atrito provocado pelo disco empenado raspando continuamente no suporte das pastilhas, o que exigiu algumas paradas para afastá-las de forma a incomodar menos. E ainda por cima, era muito frio!

A paisagem boliviana se mostra bem diferenciada das áreas desérticas do Chile e Argentina, pois além das belas montanhas, é dotada de um fator crucial: água. São vistos rios em torno da ótima estrada, e com eles a vegetação se torna bem mais ampla, e há muita atividade pecuária em torno da estrada. São muitas cercas, e dentro delas existem lhamas, vacas e ovelhas. E muitas casinhas de pedra próximas às estradas. No que se refere à paisagem, pode-se dizer que a Bolívia é bela, mas ao se olhar a população não se pode dizer o mesmo, e a razão para essa observação é sua excepcional pobreza.

Na chega a La Paz, mais uma vez as coisas não deram tão certo quanto o esperado. Além do trânsito, que já se mostrava infernal (como o Alex Brito tinha nos alertado), o uso do GPS me fez entrar por umas ruazinhas laterais que pareciam uma feira livre, uma enorme confusão. E então veio algo ainda pior, pois como tudo estava trancado, pedimos informações aos policiais, e aí a grande surpresa: chegamos numa sexta-feira, depois do meio-dia, e a parte baixa da cidade estava fechada em função de um "Paro Cívico". Risível isso!

Como é possível um país que tem a capital encravada num buraco em meio a montanhas, com poucos acesso à parte central? E ainda pior que isso, a população fecha todos esses acessos da cidade por um motivo qualquer, seja cívico ou não? Acredite, na Bolívia isso parece ser uma coisa bastante normal, basta ver os relatos de outros viajantes disponíveis na internet.

E o mais grave: pelas informações que tínhamos, o tal "Paro Cívico" manteria a parte baixa de La Paz fechada até as 18h00, e a única concessionária Honda da cidade ficava justamente por lá, portanto inacessível em horário comercial. Uma perfeita expressão de Lei de Murphy (se algo pode dar errado, vai dar errado)!

Resultado: tivemos que nos hospedar no Hotel Alexander, segundo as informações, o melhor da parte alta da cidade, o que em nada o torna um bom hotel. E essa parte alta da cidade se parece com uma enorme favela.

Em torno do hotel, ruas sujas, fétidas e escorregadias, e tudo de péssima qualidade, inclusive o restaurante associado ao hotel, que era abaixo da crítica (e ainda assim melhor que as alternativas da redondeza), mostrando até mesmo mesas, cadeiras e toalhas visivelmente sujas, e capaz de levar quase uma hora para entregar meia dúzia de sanduíches.

Realmente, visitar a Bolívia exige certa flexibilização de conceitos no que se refere a aspectos básicos de saúde e higiene, ou então passar dias tomando só água mineral e comendo produtos industrializados, o que é uma excelente ideia em nome de manter sua saúde intacta.

No fim acabamos almoçando e usando a tarde para descansar, e alguns se arriscaram a dar algumas voltas na parte alta da cidade, mas é um lugar que dá pena em razão da pobreza, sujeira e um cheiro nas ruas pior que o de muitos banheiros de rodoviária brasileiros. E as cenas nas ruas são assustadoras, por exemplo, uma mulher em trajes típicos numa tenda vendendo pão, pegando o produto com as mãos e entregando aos clientes, pegando o dinheiro com a mesma mão, enfim, condições zero de higiene, só para ilustrar as observações.

À noite, descobrimos uma nova mazela da cidade: os motorista de táxi! Locamos um táxi para nos levar ao maior shopping da cidade, na parte baixa que já estava aberta, e ele nos levou ao lugar errado, e que ainda por cima estava fechado em função do tal "Paro Cívico", o que nos irritou a ponto de voltarmos ao hotel para jantar e encerrar o dia em que nada dava muito certo. Dia para esquecer!

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